O médico e pesquisador Chris van Tulleken defende a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa sobre alimentos ultraprocessados, comparando essa questão à regulamentação do tabaco. Em seu livro, ele explora os efeitos adversos do consumo desses produtos na saúde, após se submeter a uma experiência pessoal em que radicalizou sua dieta, consumindo apenas alimentos ultraprocessados. A obra, que se tornou um best-seller, baseia-se na pesquisa de conceitos desenvolvidos por especialistas, incluindo o epidemiologista brasileiro Carlos Monteiro, que introduziu a classificação de alimentos ultraprocessados.
Van Tulleken argumenta que a indústria alimentícia utiliza estratégias de marketing semelhantes às da indústria do tabaco, tornando os alimentos ultraprocessados viciantes e prejudiciais. Ele sugere que, para enfrentar a crescente epidemia de obesidade e os problemas relacionados à alimentação, é necessário um sistema de regulamentação que inclua rotulagem clara, taxação de produtos prejudiciais e restrições à publicidade, especialmente voltada para crianças. O autor acredita que a solução não reside apenas na mudança de hábitos individuais, mas na necessidade de uma transformação sistêmica que reduza a influência das corporações alimentícias.
Durante sua experiência com a dieta, van Tulleken relatou sentimentos de fadiga e descontrole, apontando os impactos negativos que os ultraprocessados tiveram em sua saúde mental e física. Ele ressalta que a eliminação desses alimentos pode ser benéfica, mas é fundamental que as pessoas entendam que a responsabilidade não é apenas individual, mas de um sistema alimentar que promove o consumo desses produtos. O autor conclui que é urgente repensar as políticas alimentares, buscando um equilíbrio entre saúde pública e o poder das indústrias.