Em 1894, o Brasil realizou sua primeira eleição presidencial com voto direto, elegendo Prudente de Moraes como o primeiro presidente civil do país. De acordo com a professora Albene Miriam Menezes Klemi, da Universidade de Brasília, a eleição foi marcada por um número reduzido de eleitores, uma vez que apenas homens alfabetizados, maiores de 21 anos, estavam aptos a votar. Além disso, o pleito teve a participação de 205 candidatos, muitos dos quais receberam apenas um voto, evidenciando a falta de mobilização popular e a ausência de requisitos claros para a candidatura.
Prudente de Moraes, nascido em 1841, já havia desempenhado um papel importante na política brasileira, sendo o presidente do Congresso Nacional que aprovou a primeira Constituição republicana em 1891. Durante seu mandato, que se estendeu entre 1894 e 1898, ele enfrentou desafios significativos, como a Revolução Federalista e a Guerra de Canudos. Embora tenha obtido 82% dos votos, a vitória de Moraes foi atribuída mais ao apoio da elite do que à sua popularidade entre a população, refletindo uma organização eleitoral que favorecia interesses específicos.
A eleição de 1894 não apenas simbolizou a transição do Brasil de uma monarquia para uma república, mas também revelou as limitações do sistema eleitoral da época, que excluía a maior parte da população devido à falta de alfabetização e outras restrições. O evento ficou marcado na história como um passo importante para a democracia brasileira, mesmo que seus princípios ainda precisassem ser ampliados e aperfeiçoados nas décadas seguintes.