Nos últimos anos, agricultores do Rio Grande do Sul enfrentaram sérias dificuldades devido a fenômenos climáticos extremos, como estiagens em 2019 e 2020, seguidas por enchentes devastadoras em 2023 e 2024. Os impactos desses desastres resultaram no abandono de propriedades rurais, que antes sustentavam famílias inteiras. O acúmulo de dívidas e a falta de recursos para a reconstrução impediram muitos produtores de se manterem no campo, forçando-os a buscar novas profissões nas cidades. A situação é ainda mais crítica para aqueles que já tinham investido em suas lavouras, pois as enchentes destruíram o que restava de suas esperanças de recuperação.
A trajetória de muitos agricultores revela uma realidade angustiante. Telmo, por exemplo, perdeu quase toda a sua criação de suínos e viu sua propriedade ser completamente devastada pelas águas. Apesar de receber um seguro que não cobriu as perdas totais, ele e sua esposa tiveram que abandonar a lavoura e se adaptar a novas funções no mercado de trabalho urbano. Jorge, que também enfrentou múltiplas infortúnios climáticos, perdeu todo o seu maquinário e não vê perspectiva de retorno ao campo, enquanto Jonas, que sonhava em passar a propriedade para seu filho, teve que se desfazer de seus animais e ainda lida com os danos em sua casa.
Essas histórias de resiliência e adaptação destacam a realidade de muitos trabalhadores rurais que, além da perda financeira, enfrentam um impacto emocional significativo. A sensação de tristeza e desespero é palpável, pois anos de trabalho e sonhos foram desfeitos em questão de dias. Embora muitos tenham encontrado novas formas de sustento, a luta pela recuperação das terras e o desejo de um retorno ao campo permanecem como um desafio constante em meio a incertezas climáticas.