O escritor colombiano Juan Cárdenas, ao traduzir obras de Machado de Assis para o espanhol, encontrou na escrita do autor brasileiro uma fonte de inspiração que o ajudou a compreender melhor sua própria realidade em Popayán, na Colômbia. Cárdenas destacou a sofisticação da prosa machadiana, associando-a à obra de Jorge Luis Borges e ressaltando a importância de autores de língua portuguesa em sua formação literária. Sua experiência como tradutor, ao lidar com obras de nomes como Guimarães Rosa e Eça de Queiroz, influenciou diretamente seu estilo de escrita, que é marcado por uma musicalidade rica.
Além de abordar a influência dos clássicos, Cárdenas refletiu sobre a relação entre a literatura e a realidade contemporânea, argumentando que a literatura tenta acompanhar as mudanças rápidas do mundo atual, embora isso seja desafiador. O autor também explorou a interação entre o fantástico e o cotidiano em sua obra, mencionando como o trabalho de João Gilberto Noll o ajudou a entender essa dinâmica. Para Cárdenas, a fantasia e o desejo têm papel central na literatura, especialmente em um contexto onde as tecnologias estão em constante evolução.
Por fim, Cárdenas manifestou sua opinião sobre o papel do mal na literatura e o impacto da tecnologia na produção literária. Ele refutou a ideia de que escritores dependem do sofrimento para criar, afirmando que, embora existam desafios na América Latina, os escritores conseguem cultivar uma vida rica e vibrante. A tecnologia, segundo ele, não deve ser um obstáculo, mas sim um elemento que, se bem utilizado, pode enriquecer a literatura, que permanece essencialmente humana e cheia de nuances.