A discussão sobre o Ensino Médio noturno no Brasil ganhou novo fôlego após a recente reforma que inicialmente propôs sua abolição. Especialistas como Daniel Cara, da Faculdade de Educação da USP, defendem que essa modalidade é fundamental para garantir o acesso à educação de jovens, especialmente aqueles provenientes de áreas periféricas. Segundo Cara, a oferta de aulas noturnas não apenas possibilita a conclusão do Ensino Médio, mas também proporciona oportunidades de ingresso no mercado de trabalho para muitos alunos que precisam conciliar estudos e atividades laborais.
Apesar do reconhecimento da relevância das aulas noturnas, o professor alerta que a reversão da medida de 2017 foi insuficiente e não atenderá a demanda crescente. Ele enfatiza que, sem vagas suficientes no período noturno, muitos estudantes poderão optar por abandonar a escola, priorizando a busca por uma renda necessária à sobrevivência. Cara sugere que a oferta de aulas deve ser flexível e adaptada às necessidades dos alunos, considerando o contexto social em que vivem.
Além da necessidade de manter o Ensino Médio noturno, o professor destaca a urgência de implementar políticas públicas que apoiem a permanência dos jovens na educação. Embora exista uma previsão de criação de um programa de bolsa-auxílio para estudantes de baixa renda, a efetividade dessa proposta ainda é incerta. A situação exige atenção e medidas que garantam não apenas a formação educacional, mas também a viabilidade econômica dos alunos, permitindo que continuem seus estudos de forma consistente.