A introdução de peixes na bacia do Rio Piracicaba, interior de São Paulo, sem um estudo adequado sobre as espécies e suas características genéticas, pode ameaçar a biodiversidade aquática. A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) destaca que, embora essa estratégia tenha mostrado resultados positivos em algumas regiões do Brasil, a falta de controle e monitoramento pode resultar em sérias consequências para os ecossistemas. Um incidente recente, em que resíduos de uma usina sucroenergética causaram a morte de milhares de peixes, exemplifica os riscos envolvidos, afetando o período de piracema, essencial para a reprodução das espécies nativas.
Além dos impactos diretos na fauna aquática, a APqC alerta para os perigos da soltura de peixes geneticamente homogeneizados provenientes de pisciculturas, que podem comprometer a diversidade genética das populações selvagens. Essa prática, iniciada com a introdução de espécies não-nativas em reservatórios, como o tucunaré e a tilápia-do-nilo, muitas vezes não alcançou os objetivos de aumentar a pesca, mas sim levou à degradação da biodiversidade, onde espécies exóticas predominaram sobre as nativas. Essa situação é frequentemente impulsionada por pressões políticas, sem uma análise rigorosa de seus impactos.
Para que a estocagem de peixes seja uma estratégia eficaz e sustentável, é crucial realizar uma avaliação detalhada de sua necessidade e viabilidade. Investimentos em pesquisa e monitoramento contínuo são fundamentais para garantir que as ações respeitem critérios técnicos adequados. A utilização de métodos de marcação para diferenciar peixes estocados dos que surgem por recrutamento natural também é recomendada, ressaltando a importância de um planejamento cuidadoso e embasado para a preservação dos ecossistemas aquáticos.