A economista Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos, analisa os impactos da política fiscal expansionista do Brasil, que exige do Banco Central a manutenção das taxas de juros elevadas. Apesar de promover crescimento econômico e redução do desemprego, essa estratégia tem um custo elevado que deve se manifestar a partir de 2025. Camila projeta um crescimento do PIB de 3% para este ano e 1,7% no próximo, alinhando-se ao consenso do mercado. A expectativa é de que o Banco Central aumente a Selic, que deve chegar a 12,25% ao ano, como resposta à inflação resultante da injeção de dinheiro na economia.
A economista ressalta que o aumento da taxa de juros é necessário para conter a inflação, mas alerta que o efeito defasado dessas medidas, juntamente com a alta prevista, poderá desacelerar a economia em 2025, elevando a inadimplência. Apesar da atual expansão do crédito, a combinação das altas de juros e o crescimento da economia pode levar a um aumento na inadimplência no futuro. Camila destaca que a política fiscal atual limita a eficácia da política monetária e que a Selic elevada impede a inflação de ultrapassar seus limites, mas não a traz para o centro da meta.
Camila também aponta que o cenário externo é favorável para cortes de juros em economias desenvolvidas, mas que o Brasil precisa agir com cautela para não perder essa oportunidade. Ela acredita que, para que o país possa desfrutar de um ambiente econômico mais favorável, é crucial uma maior coordenação entre as políticas fiscal e monetária, bem como uma sinalização clara do governo em direção ao equilíbrio fiscal. Assim, o Brasil deve encontrar uma forma de alinhar suas taxas de juros à realidade externa, evitando a desconfiança gerada pela política fiscal atual.