A economia brasileira apresenta algumas medidas para mitigar os efeitos dos juros altos e evitar uma desaceleração acentuada do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos trimestres, conforme análise do departamento de pesquisas do Bradesco. Um dos principais fatores de amortecimento é a expectativa de uma safra de grãos significativamente elevada no próximo ano. Além disso, a poupança acumulada pelas famílias ao longo de 2024 pode ajudar a amenizar o impacto dos juros sobre o consumo, enquanto a valorização do salário mínimo acima da inflação pode proporcionar ganhos reais para trabalhadores e beneficiários de programas de transferência de renda.
Apesar desses fatores positivos, o Bradesco projeta um aperto significativo dos juros, o que resultará em uma desaceleração do PIB. A análise do banco sugere que, com base no modelo de projeção de inflação do Banco Central, a taxa Selic necessária para atingir a meta de inflação está próxima de 13,5%. Contudo, levando em consideração a expectativa de apreciação cambial e uma certa acomodação das expectativas de inflação, o banco estima uma taxa de juros cerca de um ponto percentual menor, prevendo 12,25% no início do ano que vem, quando se espera que o Banco Central finalize seu ciclo de aumento.
O relatório destaca que, ao longo de ciclos anteriores de aperto monetário, sempre houve uma desaceleração da atividade econômica, e desta vez a situação não será diferente. O ciclo de aumento de juros inicia com a taxa já em um nível restritivo, podendo resultar em um dos maiores níveis de restrição monetária em anos. O economista Marcelo Gazzano enfatiza que o cenário atual é diferente dos anteriores, pois a Selic já se encontra elevada, o que indica um contexto desafiador para o crescimento econômico no futuro próximo.