Nos últimos 20 anos, o número de mulheres proprietárias de motocicletas no Brasil quase dobrou, segundo um levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Atualmente, 28,4% das motos registradas têm mulheres como proprietárias, refletindo um crescimento de 78,5% em relação a 2000, quando esse percentual era de apenas 15,9%. Além disso, o número de mulheres habilitadas para pilotar motos também aumentou significativamente, passando de 6,04 milhões para 9,8 milhões entre 2014 e 2024. Apesar desse avanço, problemas como assédio e preconceito ainda são frequentes nas ruas.
As entrevistadas destacam que, embora a paixão por pilotar motos permaneça forte, as mulheres ainda enfrentam desafios no cotidiano. Relatos de desrespeito e assédio por parte de motoristas e outros motociclistas, especialmente homens, são comuns. Algumas entregadoras mencionam mensagens indesejadas de clientes após serviços prestados, evidenciando a necessidade de um ambiente mais seguro e respeitoso para as motociclistas. A competição de forças entre gêneros no trânsito também é uma preocupação, com motoristas de veículos maiores frequentemente desconsiderando a segurança das mulheres nas motos.
O aumento da presença feminina no motociclismo é mais visível em regiões como o interior de São Paulo, onde quase metade dos motociclistas são mulheres. A indústria automobilística, ciente dessa tendência, tem adaptado suas estratégias, com marcas como a Honda prevendo que a maioria de suas scooters será adquirida por mulheres. Além disso, iniciativas como o Programa Mecânica Yamaha para Mulheres buscam capacitar e empoderar mulheres no setor, promovendo maior autonomia e confiança entre as motociclistas. Essas mudanças refletem não apenas uma evolução no perfil dos motociclistas, mas também um avanço nas dinâmicas sociais e culturais do Brasil.