Nos últimos 20 anos, o número de mulheres proprietárias de motos no Brasil praticamente dobrou, atingindo 28,4% do total de 34,2 milhões de motocicletas registradas. Apesar do aumento significativo na participação feminina, que subiu de 15,9% em 2000 para 28,4% em 2024, as mulheres ainda enfrentam desafios, como assédio e preconceito, tanto de motoristas quanto de outros motociclistas. Entre 2014 e 2024, o número de mulheres habilitadas para conduzir motocicletas também cresceu, passando de 6,04 milhões para 9,8 milhões, evidenciando uma mudança no cenário do transporte de duas rodas.
Entrevistas com mulheres motociclistas revelam que, apesar da paixão e da praticidade de pilotar, os relatos de assédio e desrespeito são recorrentes. Muitas delas mencionam a agressividade no trânsito, com motoristas que não respeitam seu espaço, além de cantadas indesejadas que ocorrem frequentemente. Mesmo em ambientes de trabalho como entregadoras, as mulheres destacam a necessidade de mais segurança e respeito, ressaltando a importância de criar um ambiente mais acolhedor e seguro para o público feminino nas motocicletas.
A mudança de paradigma também é visível na aceitação social e na indústria, que está começando a atender melhor às mulheres, tanto em termos de produtos quanto de capacitação. Iniciativas como o Programa Mecânica Yamaha para Mulheres buscam aumentar a confiança e a segurança das mulheres no universo das motos, oferecendo formação técnica em mecânica. Apesar dos progressos, as entrevistadas concordam que ainda há muito a fazer para garantir que o aumento na presença feminina nas motocicletas se traduza em um espaço mais igualitário e seguro nas ruas.