O uso excessivo de dispositivos digitais durante a infância tem gerado um aumento preocupante nos casos de miopia entre crianças. A Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças de até cinco anos não passem mais de uma hora por dia em frente a telas, mas apenas um terço das crianças entre 2 e 5 anos segue essa diretriz. A formação ocular ocorre principalmente nos primeiros anos de vida, tornando crucial a limitação do tempo de tela para prevenir problemas visuais futuros, como a miopia infantil. A médica oftalmologista Rosa Maria Graziano destaca que a superexposição a telas durante o desenvolvimento pode sobrecarregar músculos oculares e contribuir para a deterioração da visão.
A situação se agravou após a pandemia, com um aumento significativo na dependência de computadores e celulares, que passaram a ser partes integrantes da rotina das crianças, incluindo a educação. Estudo da Associação Médica Americana revelou um aumento alarmante no diagnóstico de miopia, com um crescimento de 28,8% em 2020 e 36,2% em 2021 entre crianças de seis anos. Além das dificuldades visuais, o uso excessivo de telas pode levar a problemas de atenção e concentração, confundindo diagnósticos como o de TDAH, devido ao cansaço visual e à dificuldade de focar.
Para mitigar esses efeitos, a oftalmologista recomenda consultas regulares para crianças, especialmente aos 5 anos, e pausas frequentes durante o uso de telas. Sugere-se um descanso de um minuto a cada 20 minutos de atividade focada, e, se isso não for viável, pausas simples como ir ao banheiro ou beber água a cada hora já podem fazer uma diferença significativa. Essa abordagem é essencial não apenas para preservar a saúde ocular, mas também para garantir o bem-estar geral das crianças, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.