A Total Linhas Aéreas, empresa brasileira de carga e fretamento, está em negociações com a Comac, fabricante estatal chinesa, para a aquisição de até quatro aeronaves C919. Essa iniciativa, que marca a tentativa da Total de diversificar suas opções em meio à escassez de suprimentos das tradicionais fabricantes ocidentais, foi discutida em uma reunião entre o controlador da companhia, Paulo Almada, e o governo brasileiro. Apesar do interesse, a Total ainda não formalizou um plano de compra.
A possível aquisição do C919 poderia fortalecer os laços entre Brasil e China no setor de aviação, especialmente antes da visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao país. No entanto, especialistas levantaram preocupações sobre a confiabilidade da Total e a falta de uma rede de suporte no Brasil para os novos aviões, o que poderia representar riscos para a operação. Almada argumenta que a decisão se justifica pela dificuldade de obter novos aviões da Airbus e Boeing, que não têm conseguido atender à demanda.
Além disso, a Total está explorando opções de financiamento com o Banco de Desenvolvimento da China, que poderia cobrir 80% do custo da aquisição em um prazo de até 12 anos. Contudo, o C919 enfrenta desafios significativos, como a ausência de certificação fora da China, incluindo as normas da União Europeia e dos Estados Unidos. Para que a compra se concretize, a Total ainda precisa apresentar um pedido formal de certificação à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).