A vacina oral contra poliomielite (VOP), popularmente conhecida como gotinha, será oficialmente aposentada no Brasil até 4 de novembro, sendo substituída pela vacina inativada poliomielite (VIP), aplicada por injeção. A mudança foi aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização e é recomendada pela Organização Mundial da Saúde. A representante do Comitê Materno-Infantil da Sociedade Brasileira de Infectologia destacou que a VOP, que utiliza o vírus enfraquecido, pode levar a casos de pólio derivados da vacina em condições sanitárias inadequadas, ressaltando a importância da vacinação em larga escala para prevenir surtos.
Além da aposentadoria da VOP, o Ministério da Saúde anunciou que a VIP será a única vacina a ser administrada como reforço aos 15 meses de idade. A dose injetável já era utilizada nos primeiros meses de vida, e a dose de reforço aos 4 anos não será mais necessária, pois o esquema vacinal com quatro doses garante a proteção contra a doença. Essa atualização se baseia em critérios epidemiológicos e recomendações internacionais, refletindo a necessidade de garantir uma cobertura vacinal adequada em um contexto onde a poliomielite não é notificada no Brasil desde 1989.
A vacinação enfrentou desafios nos últimos anos, com cerca de 67 milhões de crianças perdendo doses entre 2019 e 2021, exacerbados pela pandemia e por emergências humanitárias. A especialista ressaltou que, em regiões como a Faixa de Gaza, a VOP deve ser utilizada apenas para controle de surtos, evidenciando a importância da vigilância e do acesso às vacinas para manter a erradicação da poliomielite.