Almir Torcatto, diretor executivo da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste), criticou a falta de conhecimento de alguns setores da sociedade sobre os avanços na colheita mecanizada e a cogeração de energia no setor sucroenergético. Ele destacou que, apesar das práticas de queima da cana-de-açúcar serem comuns nas décadas de 1980 e 1990, a colheita é hoje totalmente mecanizada e a queima da biomassa no campo é contraproducente. Torcatto afirmou que a sociedade ainda está presa a uma mentalidade ultrapassada, que ignora a realidade atual das usinas e o impacto negativo dos incêndios nas plantações.
Os incêndios recentes causaram a destruição de aproximadamente 658,6 mil hectares de vegetação e canaviais em São Paulo, resultando em perdas significativas para o setor sucroenergético, estimadas em R$ 2,76 bilhões. Essas queimadas não só comprometem a safra atual, mas também a próxima, uma vez que as áreas afetadas podem demandar replantio, o que gera custos adicionais para os produtores. Torcatto ressaltou que a falta de planejamento devido à queima acarreta problemas logísticos e financeiros para os agricultores, que precisarão se organizar para enfrentar as consequências econômicas.
Além dos prejuízos financeiros, a queima da cana resulta em perda de qualidade da matéria-prima, que pode deteriorar se não for processada a tempo. Torcatto enfatizou a importância de um planejamento financeiro cuidadoso e a necessidade de adaptação às novas condições de produção. O setor deve se preparar para uma safra afetada pelos danos dos incêndios, onde as novas mudas levarão tempo para se desenvolver antes do primeiro corte, evidenciando a urgência em uma reavaliação das práticas agrícolas e da conscientização sobre os impactos das queimadas.