Um relatório elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, em parceria com a Defensoria Pública de São Paulo, destaca sérias falhas na atuação da Polícia Militar durante as operações Escudo e Verão, realizadas na Baixada Santista em 2023 e 2024. A análise revela que o uso da força foi desproporcional, resultando em um elevado número de mortes de civis em comparação com o baixo número de policiais feridos ou mortos. Ao todo, a Operação Escudo deixou 28 mortos, sendo a maioria jovens negros e pobres, com indícios de que muitos dos falecidos não eram envolvidos em atividades criminosas.
O relatório também critica a preservação das cenas dos crimes e a condução das investigações. Em uma alta porcentagem dos casos, os corpos foram removidos antes de uma análise adequada, comprometendo a coleta de evidências. Além disso, a ausência de gravações de câmeras corporais e a subutilização de técnicas periciais avançadas foram apontadas como falhas que dificultaram a apuração dos fatos, com a palavra dos policiais sendo privilegiada em relação a depoimentos de testemunhas.
A Defensoria Pública pretende utilizar os dados do estudo para implementar mudanças nas práticas de controle do policiamento e solicitar a reabertura de investigações arquivadas. Embora a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo defenda a rigorosidade das investigações, as críticas levantadas pelo relatório evidenciam a necessidade de revisão nos métodos utilizados pela polícia, visando maior transparência e justiça nas apurações relacionadas às operações.