A Justiça do Japão absolveu um ex-boxeador, que foi condenado em 1966 por quatro assassinatos, em um novo julgamento realizado pelo Tribunal Distrital de Shizuoka. Iwao Hakamada, que já havia passado 48 anos atrás das grades e estava no corredor da morte há 56 anos, teve sua condenação anulada após a descoberta de falsificações de evidências, conforme relatado pelo juiz Koshi Kunii. A decisão faz dele o quinto caso de condenação à morte revogada no Japão desde o pós-guerra.
Hakamada foi inicialmente condenado pela morte de sua ex-chefe, da esposa e dos dois filhos do casal, cujos corpos foram encontrados após um incêndio. A absolvição se baseou em novas análises que contestaram a validade das evidências apresentadas na época, incluindo roupas manchadas de sangue que, segundo a defesa, não correspondiam ao DNA do acusado. Os advogados argumentaram que Hakamada havia sido forçado a confessar sob coerção policial e que sua saúde mental foi severamente afetada pelos longos anos de detenção, a maior parte em regime de isolamento.
Apesar da absolvição, a pena de morte continua sendo uma questão polêmica no Japão, onde a maioria da população ainda a apoia. As execuções ocorrem em segredo, e os prisioneiros não são informados de sua execução até o último momento. O caso de Hakamada levanta importantes discussões sobre a justiça criminal e a validade das evidências utilizadas em processos judiciais, além da necessidade de reformas no sistema de execução penal japonês.