A Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu elevar temporariamente as tarifas de importação para 30 produtos químicos, em resposta a um pedido da indústria nacional, que alegou concorrência desleal de importações, especialmente da China. As alíquotas, que antes variavam de 10,8% ou 12,6%, subirão para 20% e permanecerão nesse patamar por um ano. A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) havia solicitado o aumento para 62 categorias de produtos, sendo que apenas 30 foram atendidas. A medida é vista como uma tentativa de proteger a produção nacional e reduzir o déficit comercial, que alcançou quase US$ 23 bilhões no primeiro semestre de 2024.
Apesar do apoio de alguns setores, a decisão gerou controvérsias dentro da indústria. Organizações que utilizam produtos químicos como insumos, como a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), expressaram preocupação com o impacto no custo de produção e no emprego. O aumento das tarifas pode resultar em repasses aos consumidores finais, pressionando a inflação e afetando negativamente setores como automóveis, alimentos e construção civil. Estima-se que o impacto sobre os custos pode ser significativo, especialmente nas embalagens de alimentos, que podem representar até 15% do preço final.
O presidente da Abiquim manifestou satisfação com a decisão, ressaltando que 65% das importações dos 62 produtos afetados terão tarifas elevadas, o que representa uma proteção para a indústria nacional. No entanto, a preocupação com o equilíbrio entre proteger a indústria e garantir a competitividade dos setores que dependem de químicos persiste, levando a um debate mais amplo sobre as políticas comerciais e suas consequências para a economia brasileira.