Há cerca de 15 milhões de anos, mudanças climáticas drásticas, incluindo a queda acentuada das temperaturas e o aumento da aridez, transformaram a Península Ibérica, favorecendo a megafauna herbívora e reduzindo a diversidade de presas de médio porte. Esse cenário levou à prosperidade de grandes herbívoros, como gonfotérios, que substituíram espécies menores, diminuindo a disponibilidade de presas para os predadores carnívoros. Como resultado, muitos desses predadores enfrentaram dificuldades e acabaram se extinguindo.
Um estudo conduzido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com a colaboração de instituições da Espanha e da Suécia, analisou as redes tróficas da região ibérica ao longo dos últimos 20 milhões de anos, revelando como essas mudanças climáticas e ecológicas influenciaram a extinção dos predadores. Utilizando um banco de dados extenso de fósseis e ferramentas matemáticas avançadas, os pesquisadores reconstruíram a interação entre as espécies e identificaram um fenômeno conhecido como simplificação das redes tróficas.
Os resultados do estudo mostram que a extinção de espécies herbívoras impactou diretamente a longevidade dos predadores, destacando a importância das interações ecológicas na evolução das espécies. Os pesquisadores enfatizam que a conservação de populações diversas de presas é crucial para manter ecossistemas equilibrados e evitar novas extinções, sugerindo que entender o passado pode ajudar a prevenir danos futuros aos ecossistemas e aos serviços que eles oferecem.