Entre janeiro e agosto de 2024, o Brasil registrou a queima de 11 milhões de hectares, conforme um novo relatório do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da rede MapBiomas. Esse aumento é alarmante, especialmente nas grandes propriedades rurais, onde a área queimada cresceu 163% em comparação ao ano anterior. As Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs), alvo de grilagem na Amazônia, foram as mais afetadas, com um aumento de 176% na área queimada, totalizando 870 mil hectares. As Terras Indígenas também enfrentaram graves consequências, com 3 milhões de hectares queimados, representando um aumento de 80%.
O relatório também destacou uma mudança preocupante no perfil das queimadas, com um terço das áreas atingidas sendo composta por vegetação nativa, que antes não era desmatada para a agricultura ou pecuária. A crescente frequência de incêndios, impulsionada por condições climáticas secas e quentes, está tornando as florestas mais vulneráveis. Em agosto de 2024, o aumento da área queimada em florestas nativas foi de 132%, totalizando 685.829 hectares destruídos pelo fogo. Essa situação indica uma transformação no ecossistema da Amazônia, que tradicionalmente é reconhecido por sua umidade.
Além disso, a pressão sobre as Florestas Públicas e Terras Indígenas reforça a urgência de políticas eficazes de gestão e proteção ambiental. Os dados apontam que as FPNDs e as Terras Indígenas juntas representaram uma significativa parte das queimadas, com 24% e 16% da área total, respectivamente. Especialistas alertam que, sem intervenções adequadas, o cenário pode se agravar, comprometendo não apenas a biodiversidade da Amazônia, mas também os modos de vida das comunidades tradicionais e indígenas.