Um especialista em relações internacionais, Vitelio Brustolin, destacou a crescente divergência entre a política externa e a política de defesa do Brasil, questionando a coerência estratégica do país no cenário global. Em sua análise, Brustolin observa que, enquanto a diplomacia brasileira busca fortalecer laços com potências como Rússia e China, a política de defesa continua intimamente ligada à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Ele exemplifica essa contradição mencionando que, em 2021, o Brasil participou de exercícios militares com nações da OTAN no Mar Negro, que atualmente é um ponto central do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Brustolin argumenta que essa incoerência representa desafios práticos para o Brasil, especialmente no que tange à capacidade militar do país. Segundo ele, o Brasil carece de recursos adequados para apoiar um alinhamento militar com potências como a China, evidenciado pela falta de munição para possíveis operações. O especialista sugere que, para que haja uma verdadeira convergência com Rússia e China, seria necessário um alinhamento abrangente na política de defesa, incluindo a produção de equipamentos compatíveis e a formação conjunta de tropas, um processo que poderia levar décadas.
A conclusão de Brustolin é clara: é essencial que a política externa e a política de defesa caminhem lado a lado. Ele enfatiza a necessidade de uma estratégia de longo prazo que integre essas duas esferas cruciais da política brasileira, a fim de assegurar uma posição mais coerente e eficaz do Brasil no contexto internacional. A falta de uma abordagem coesa pode comprometer a capacidade do país de agir de maneira decisiva e relevante no cenário global.