A seca severa que atinge a região do Alto Solimões no Amazonas revelou as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, um importante marco histórico do século XVIII. Com o nível das águas do rio atingindo a menor cota já registrada, as estruturas do forte, localizado na margem esquerda do rio, foram expostas após décadas submersas. O forte desempenhou um papel estratégico na defesa da região contra as expedições espanholas e foi fundamental para a consolidação do domínio português na área.
O historiador Luiz Ataíde, que há 20 anos estuda a história local, encontrou vestígios significativos, como peças de louça e munições, durante suas pesquisas. O forte, fundado em 1766 e posteriormente reconstruído em alvenaria, foi um ponto crucial na disputa territorial entre Portugal e Espanha, com o Tratado de Madri de 1750 e o Tratado de Santo Ildefonso de 1777 marcando momentos decisivos para a soberania portuguesa na região.
Apesar de ter sido inundado em 1932, o Forte São Francisco Xavier ainda é um símbolo de resistência e está inscrito no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do Iphan. O Exército Brasileiro construiu um memorial em homenagem aos militares que defenderam a área, localizado no Museu do Comando de Fronteira Solimões, que pode ser visitado no Parque Zoobotânico de Tabatinga. A seca extrema também levou o governo do Amazonas a declarar situação de emergência em todos os 62 municípios do estado.