O governo brasileiro decidiu que a Petrobras pagará dividendos extraordinários aos acionistas, em uma reviravolta em relação à orientação inicial da estatal. A mudança de planos foi motivada pela necessidade de reforçar o caixa federal diante da dificuldade em manter a esperança de déficit zero em 2024. Com a decisão do presidente do Senado de não prorrogar uma medida que reonerava a folha de pagamento de milhares de municípios, a equipe econômica viu a meta ser gravemente comprometida, tornando essencial buscar novas fontes de recursos.
A expectativa é de que metade dos dividendos extraordinários, totalizando cerca de R$ 20 bilhões, sejam pagos pela Petrobras, o que representaria uma ajuda significativa para reequilibrar as contas do governo. A decisão final sobre a distribuição dos dividendos será tomada em uma reunião da assembleia da empresa, prevista para o dia 25. Essa mudança de posicionamento gerou mal-estar no mercado financeiro em março, levantando preocupações sobre interferência política na estatal e expondo disputas internas entre o governo e o presidente da Petrobras.
A situação do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tornou-se delicada devido à sua discordância em relação ao represamento dos dividendos. Os embates entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, evidenciam uma disputa por influência na companhia que perdura desde o início do governo. Com a reunião do Conselho de Administração da Petrobras agendada para discutir a saúde financeira da empresa e a distribuição dos dividendos, a expectativa é de que a questão seja definida em breve, enquanto nos bastidores do governo já se especula sobre a possível saída de Prates do cargo.