Ailton Krenak tornou-se o primeiro indígena a integrar a Academia Brasileira de Letras em uma cerimônia histórica, aos 70 anos de idade. Em uma entrevista a Natuza Nery, Krenak destacou o gesto inédito da Comissão da Anistia, que pediu perdão aos povos indígenas perseguidos durante a ditadura militar. Ele ressaltou que, apesar do pedido de desculpas do Estado brasileiro, a tragédia da relação colonial com as sociedades indígenas vai além de um simples reconhecimento.
Krenak, reconhecido autor de obras como “Ideias para adiar o fim do mundo” e “A vida não é útil”, enfatizou a extinção de mais de 600 etnias originárias, lembrando que atualmente restam menos de 300 delas. O novo imortal da ABL enfatizou a importância do pedido de desculpa, mas ressaltou que é apenas um ponto de partida diante da complexa situação enfrentada pelos povos indígenas no Brasil. Ao assumir a cadeira de número cinco na Academia, anteriormente ocupada por figuras como Oswaldo Cruz e Rachel de Queiróz, Krenak reforça sua luta como poeta, filósofo e ativista da causa indígena.
O gesto simbólico da presidente da Comissão da Anistia, Eneá Almeida, ao pedir perdão aos povos originários Krenak e Guarani Kaiowá, ressalta a importância da memória e da reparação histórica. A entrada de Ailton Krenak na Academia Brasileira de Letras representa um marco significativo para a representatividade indígena no cenário cultural e literário do país, reforçando a necessidade de reconhecimento e valorização das diversas vozes e experiências presentes na sociedade brasileira.