O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, fez uma declaração histórica na terça-feira, admitindo a responsabilidade de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial, como tráfico de escravos na África e massacres de indígenas. Apesar do impacto simbólico, a fala ainda não possui efeitos práticos imediatos e gerou críticas do partido de extrema direita Chega em Portugal. Rebelo de Sousa sugeriu que seu país deve reparar danos causados, mas a implementação de medidas de reparação enfrentaria obstáculos políticos, uma vez que o primeiro-ministro, Luis Montenegro, precisa de apoio no Parlamento para aprovar tais ações.
A repercussão da declaração de Marcelo Rebelo foi sentida não apenas em Portugal, mas também no Brasil, onde autoridades e ativistas reconheceram a importância do reconhecimento da culpa portuguesa por séculos de escravidão e colonização. Enquanto o partido Chega classificou a proposta de reparação como uma traição à pátria, a ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, destacou a relevância do debate em meio às demandas por justiça histórica. A discussão sobre reparação histórica por crimes coloniais tem ganhado força globalmente, com exemplos como a Holanda e o Canadá adotando medidas nesse sentido.
Embora Portugal tenha sido um dos principais países envolvidos no tráfico de escravos na era colonial, o tema da escravidão transatlântica ainda é pouco abordado no país. A declaração de Marcelo Rebelo representa um marco ao reconhecer a culpa e responsabilidade de Portugal, abrindo espaço para um debate mais amplo sobre a necessidade de reparação e reconciliação. Enquanto outros países ao redor do mundo têm tomado iniciativas de reparação histórica, Portugal enfrenta desafios políticos e sociais para concretizar medidas concretas nesse sentido.