A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação sobre a estadia do ex-presidente Jair Bolsonaro na Embaixada da Hungria, em Brasília, no mês passado. Segundo a PGR, o documento foi enviado à Corte e está em segredo de Justiça. Bolsonaro teve seu passaporte apreendido após determinação do ministro Alexandre de Moraes, em meio a investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A defesa do ex-presidente considerou ilógica a possibilidade de asilo político na embaixada, alegando que Bolsonaro não temia prisão.
A estadia de Bolsonaro na embaixada ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro deste ano, durante o feriado de carnaval. As imagens das câmeras de segurança e de satélite revelaram que a embaixada estava praticamente vazia, com apenas alguns diplomatas húngaros presentes. Bolsonaro é conhecido por sua relação próxima com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e a defesa do ex-presidente afirmou que não havia preocupação com eventual prisão durante o período na embaixada. A procuradoria foi solicitada a opinar sobre as explicações de Bolsonaro para o episódio.
A publicação norte-americana The New York Times destacou que Bolsonaro chegou à embaixada no dia 12 de fevereiro à tarde e saiu no dia 14 de fevereiro à tarde. Durante sua estadia, os diplomatas húngaros entraram em contato com os funcionários brasileiros, que deveriam retornar ao trabalho no dia seguinte, orientando que permanecessem em casa pelo restante da semana. A relação de Bolsonaro com Orbán, que já se encontraram diversas vezes e trocam elogios públicos, levanta questionamentos sobre a natureza da visita do ex-presidente à embaixada no contexto político conturbado do país.