Um estudo recente liderado pelo biólogo Alexandre Aleixo, do Instituto Tecnológico Vale – Desenvolvimento Sustentável (ITV-DS), revela como as mudanças climáticas passadas afetaram a diversidade genética de aves do gênero Willisornis na Amazônia. Publicado na revista científica Ecology and Evolution, a pesquisa aponta que as aves, conhecidas como rendadinhos ou formigueiros, tiveram sua diversidade genética reduzida ao longo do tempo, especialmente durante períodos de glaciação. O estudo, que envolveu o sequenciamento do genoma de nove aves, destaca a resiliência dessas espécies em enfrentar cenários adversos.
Os Willisornis são considerados bioindicadores naturais da Amazônia, revelando a presença de floresta úmida onde habitam. A análise do DNA dessas aves permitiu aos pesquisadores traçar um retrato genético que remonta a 400 mil anos atrás, evidenciando os impactos das mudanças climáticas no passado. O estudo também aponta variações genéticas distintas em diferentes regiões da Amazônia, com uma redução mais significativa no sul e sudeste durante períodos secos, quando a floresta úmida se transformava em ambientes abertos, como cerrados.
Os achados do estudo não apenas fornecem insights sobre como as mudanças climáticas afetaram as aves da Amazônia no passado, mas também têm implicações para a conservação da biodiversidade diante do aquecimento global atual. A pesquisa destaca a importância de compreender a resiliência das espécies e planejar ações de conservação adaptativas, levando em consideração as projeções sobre o futuro da região amazônica frente às alterações climáticas em curso. Essa abordagem pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias de reintrodução e conexão de habitats que garantam a sobrevivência das espécies frente às mudanças ambientais.