O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou a importância dos dados de inflação a serem divulgados em 10 de abril nos Estados Unidos, bem como das medidas a serem tomadas pelo Federal Reserve, para indicar a trajetória da queda de juros naquele país. Em evento do Bradesco BBI Brazil Investment Forum, Campos Neto ressaltou que certos elementos, como mão de obra, mercado imobiliário e energia, não têm gerado os efeitos desinflacionários esperados, levantando dúvidas sobre o processo de desinflação nos EUA. Ele enfatizou a necessidade de reduzir a atual taxa de inflação de 3,2% para evitar complicações na narrativa econômica futura.
Produção industrial no Brasil teve uma queda de 0,3% em fevereiro, de acordo com o IBGE, enquanto o governo brasileiro busca financiamento de fundos internacionais para infraestruturas adaptadas às mudanças climáticas. A produção de carne bovina no país pode diminuir em 25% até 2050 devido às respostas às mudanças climáticas. Campos Neto ressaltou que o número de inflação a ser divulgado em abril é crucial para a definição da narrativa de desinflação nos EUA, destacando a incerteza em torno de fatores desinflacionários. Ele também apontou que a taxa de juros nos EUA, embora elevada, está em um contexto de crescimento robusto e empregos sólidos, mas que os dados de inflação serão determinantes para a trajetória dos juros no país.
Campos Neto enfatizou que o Federal Reserve precisa ter uma narrativa clara sobre a desinflação, considerando que a incerteza tem aumentado devido à falta de confirmação dos fatores desinflacionários esperados. A taxa de juros nos EUA, atualmente entre 5,25% e 5,50% ao ano, é considerada alta, mas o presidente do Banco Central ressaltou a importância dos números de inflação na definição da política monetária. Ele alertou para a preocupação crescente com a dívida dos países, especialmente os de mercado emergente, e a relevância da questão fiscal nas discussões do mercado financeiro e de outros bancos centrais globais, destacando a possibilidade de reprecificação da taxa terminal se o corte de juros pelo FED não ocorrer em junho.