O Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro concedeu a Medalha Chico Mendes de Resistência a indivíduos e grupos engajados na defesa dos direitos humanos, em evento realizado na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. O movimento, criado em 1985 para combater a violência estatal, destacou a edição emblemática em meio aos 60 anos da implantação da ditadura militar no Brasil, relembrando perseguições, torturas e assassinatos contra opositores. Entre os homenageados, estão figuras como Norberto Nehring e a estudante Ranúsia Alves Rodrigues, vítimas do regime, cujas histórias buscam por verdade e justiça.
Além dos casos emblemáticos de resistência e injustiça durante o período da ditadura, a cerimônia de premiação também reconheceu o trabalho de ativistas contemporâneos como os quilombolas de Sapê do Norte, no Espírito Santo, que lutam pela demarcação e titulação de seus territórios ancestrais, ameaçados por interesses econômicos. O evento também destacou o grupo argentino Historias Desobedientes, formado por familiares de responsáveis pela ditadura militar na Argentina, que se posicionam em repúdio aos crimes cometidos por seus antepassados, em busca de reparação e memória.
A 36ª edição da Medalha Chico Mendes de Resistência reforça a importância de preservar a memória e a luta contra injustiças perpetradas durante a ditadura. Além dos homenageados, como o casal Maria Criseide da Silva e Wellington Marcelino Romana e o cantor Gonzaguinha, o evento destaca a diversidade de frentes de resistência e a busca por justiça, mesmo décadas após o fim do regime autoritário no Brasil. A cerimônia anual, realizada no dia 1º de abril, evidencia a relevância do debate político sobre a data do golpe de 1964, ressaltando diferentes interpretações sobre os eventos que marcaram a história do país.