Um estudo realizado por pesquisadores vinculados ao Hospital de Amor e à Agência Internacional de Pesquisa em Câncer revelou que a incidência de câncer de tireoide em São Paulo varia significativamente de acordo com o nível socioeconômico e a acessibilidade a exames preventivos. Embora as taxas de mortalidade sejam semelhantes entre as diferentes populações, a pesquisa sugere a possibilidade de diagnósticos em excesso em áreas mais ricas, onde há maior acesso a testes diagnósticos. O câncer de tireoide é a doença endócrina maligna mais comum do mundo, com maior incidência entre as mulheres.
Os resultados do estudo indicam que, enquanto a incidência de câncer de tireoide na região de Barretos foi de 5,7 casos por 100 mil pessoas/ano, em São Paulo esse número foi três vezes maior, chegando a 15,9. Além disso, foi observado que em São Paulo, quanto mais elevada era a classe social, maior a incidência do câncer de tireoide detectada, o que sugere disparidades no diagnóstico entre diferentes grupos socioeconômicos. As taxas de mortalidade foram relativamente baixas em ambas as regiões, levando os pesquisadores a acreditarem que o excesso de diagnósticos pode ser responsável pela diferença nas incidências.
O estudo também aponta para o impacto psicológico e físico do sobrediagnóstico de câncer de tireoide, ressaltando a importância de revisões nas práticas e políticas de exames de rotina e diagnósticos. Os pesquisadores sugerem que uma melhor compreensão da relação entre nível socioeconômico, risco de diagnóstico e morte pode levar a medidas que reduzam procedimentos desnecessários e seus efeitos indesejados na vida dos pacientes.