No contexto da ditadura militar no Brasil, a reportagem de Eurico Andrade em 1968 revela a trágica realidade dos trabalhadores rurais na Zona da Mata de Pernambuco, marcada pela fome e desespero. Enquanto o país experimentava um crescimento econômico notável, o abismo entre ricos e pobres se aprofundava, evidenciando a extrema desigualdade social. A política salarial do governo militar, que reprimiu negociações trabalhistas e favoreceu a acumulação de capital, contribuiu para acentuar a disparidade de renda.
A desigualdade persiste como um legado da ditadura, conforme apontam especialistas como Marcelo Medeiros e Luiz Aranha Correa do Lago. As consequências do período autoritário, incluindo a falta de redistribuição de renda e a desmobilização dos trabalhadores, reverberam até os dias atuais. A concentração de riqueza, agravada pela inflação e endividamento externo, continua a desafiar o Estado e a sociedade brasileira, exigindo medidas concretas para enfrentar o conflito distributivo e promover uma maior equidade econômica.
A falta de reforma agrária, a manipulação das negociações salariais e a ausência de políticas de redistribuição de renda durante a ditadura militar são elementos que contribuíram para a persistência da desigualdade no Brasil. Apesar dos avanços desde a redemocratização, o combate à desigualdade continua sendo um desafio complexo e político, exigindo ações que enfrentem as resistências de diversos setores da sociedade. A herança de concentração de renda e as injustiças sociais do passado ainda ecoam no presente, demandando uma abordagem estrutural e engajada para promover uma sociedade mais justa e igualitária.