No Brasil, a celebração do dia de São Jorge transcende as fronteiras religiosas, unindo católicos e adeptos das religiões de matriz africana em torno do Santo Guerreiro. A tradição de realizar feijoadas em homenagem a São Jorge remonta ao sincretismo religioso brasileiro, associando o santo católico ao orixá Ogum. Essa conexão entre São Jorge e Ogum, deus da guerra e da agricultura, reflete-se na feijoada, prato típico brasileiro considerado sagrado no candomblé.
A Feijoada dos Amigos, promovida anualmente por um grupo de devotos em Realengo, Rio de Janeiro, destaca-se por reunir pessoas de bom coração e energia positiva para celebrar o dia 23 de abril. A tradição da feijoada remonta ao início do século 20, atribuída a Pai Procópio do Ilê Ogunjá, em Salvador, e se espalhou por terreiros, casas e comunidades pelo país. A união entre samba, devoção e feijoada também é evidenciada nas escolas de samba, como a Unidos do Viradouro, onde a feijoada de Ogum/São Jorge marca o início dos preparativos para o carnaval.
O sincretismo entre São Jorge e Ogum, representando a vitória e a superação das dificuldades da vida cotidiana, é celebrado não apenas como uma tradição religiosa, mas como um elo cultural que une diferentes crenças e manifestações populares no Brasil. A devoção a São Jorge, permeada pela história de resistência e sincretismo das religiões afro-brasileiras, reflete a riqueza e a diversidade cultural do país, onde a feijoada torna-se mais do que um prato tradicional, mas um símbolo de união e celebração da fé.