O governo do presidente Lula enviou um número significativamente maior de projetos com urgência constitucional em comparação com o governo anterior de Bolsonaro. Em um ano e três meses de mandato, Lula encaminhou 27 propostas com esse instrumento, quase triplicando o volume em relação aos quatro anos de Bolsonaro, que enviou apenas 10 projetos com urgência, cancelando o pedido em nove ocasiões. Esse cenário gerou um engessamento na pauta do Congresso, impactando a tramitação de outras propostas.
Técnicos do Congresso apontam a urgência constitucional como uma ferramenta de controle da pauta legislativa pelo Executivo, podendo impedir a análise de projetos que desagradem ao governo. A divergência na tramitação de medidas provisórias entre a Câmara e o Senado tem levado ao aumento no uso desse mecanismo, com senadores defendendo o retorno do formato de análise em comissões mistas e deputados optando pela votação direta no plenário. A insatisfação com o excesso de urgências tem sido manifestada por parlamentares de oposição e do Centro, que veem a situação como um obstáculo ao funcionamento adequado das comissões temáticas do Congresso.
Apesar das críticas, aliados do governo defendem a constitucionalidade do modelo de urgência e argumentam que a dificuldade na aprovação de medidas provisórias tem impulsionado o envio de projetos com esse caráter. Enquanto o presidente da Câmara busca conciliar interesses e reinterpretar prazos para garantir a análise de outras propostas, a questão das urgências constitucionais permanece em debate no cenário político, refletindo as complexidades e desafios do atual contexto legislativo no Brasil.