Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que em 2022, a desproporção entre policiais mortos em serviço e civis mortos por policiais em serviço atingiu níveis alarmantes no Brasil. Enquanto 22 agentes de segurança perderam a vida, 5.619 civis foram mortos por policiais, marcando o maior número da série histórica. A análise aponta para um abuso evidente no uso da força policial, desafiando a narrativa de confrontos como justificativa para as mortes de agentes.
O estudo destaca que a transição democrática no Brasil não avançou no que diz respeito aos direitos à vida e à não discriminação, com indicadores mais próximos de países como El Salvador e Venezuela do que de nações como Chile e Colômbia. A pesquisa também aponta para políticas equivocadas de segurança pública, como o foco excessivo no policiamento ostensivo e a falta de controle sobre as abordagens realizadas pelos policiais. O abuso da força policial é evidenciado pela alta proporção de homicídios cometidos por policiais em serviço em relação ao total de intervenções policiais com arma de fogo.
O estudo ressalta a importância de medidas focadas e territorializadas para aumentar a transparência e o controle sobre a atividade policial, citando o Programa Olho Vivo pela Polícia Militar de São Paulo como um exemplo positivo. A implementação de câmeras corporais individuais resultou em uma redução significativa nas mortes por intervenções de policiais militares em serviço, apontando para um impacto surpreendente na redução do uso de força letal pela polícia no estado.