A descoberta de um barco à deriva no litoral paraense com corpos em avançado estado de decomposição levanta questões sobre migração e identificação das vítimas. A Polícia Federal está realizando a perícia e tentando identificar as nove vítimas encontradas, que serão temporariamente sepultadas em Belém até que suas identidades sejam estabelecidas e suas famílias notificadas formalmente. A investigação aponta que as vítimas eram migrantes da região da Mauritânia e Mali, com destino às Ilhas Canárias, arquipélago espanhol utilizado como rota migratória no contrabando ilegal de imigrantes.
A suspeita é de que correntes marítimas tenham desviado a embarcação da rota prevista, que foi encontrada sem leme, motores ou outros meios de condução. Além das nove vítimas já encontradas, a investigação estima que pelo menos mais 25 pessoas estavam na embarcação, evidenciado pelas 25 capas de chuva idênticas, 27 celulares e outros pertences encontrados. A Polícia Federal está coletando materiais para exames de DNA, radiológicos, da arcada dentária, entre outros, a fim de identificar as vítimas, em um processo que conta com a cooperação de órgãos internacionais como a Interpol.
Enquanto os corpos aguardam identificação, as capas de chuva e outros itens periciados permanecem em Belém, na sede da Polícia Federal, onde as investigações continuam. O barco também está sendo periciado pela Marinha, que busca esclarecer as causas do acidente e confirmar se a origem da embarcação é do continente africano. Com questões humanitárias em jogo e a complexidade da identificação de vítimas de desastres, a PF ressalta a dificuldade em estabelecer um prazo para conclusão do processo de identificação, que envolve milhares de pessoas desaparecidas e a falta de dados estruturados sobre migração da região.