No 28º aniversário do assentamento 17 de Abril, em Eldorado do Carajás, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mantém viva a memória do violento massacre de 1996, que resultou na morte de 21 pessoas e feriu outras 79. Sobreviventes ainda carregam as marcas do trauma, exigindo do Estado brasileiro uma reparação histórica aos afetados. O conflito no campo persiste, com registros de 973 conflitos no primeiro semestre de 2023, a maioria relacionada ao uso da terra, conforme a Comissão Pastoral da Terra.
No Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra Oziel Alves Pereira, realizado há 18 anos na Curva do S, jovens de vários estados se unem em prol da reforma agrária, em memória daqueles que lutaram por esse ideal. O evento conta com protestos, ações culturais, ato ecumênico e uma feira de produtos da agricultura familiar, destacando o potencial produtivo sustentável dos trabalhadores dos assentamentos. O Movimento mobiliza mais de 20 mil famílias Sem Terra em todo o país, com ocupações e acampamentos em diversas regiões, reafirmando a luta por justiça e igualdade no campo.
Apesar das décadas passadas desde o massacre, a busca por justiça e reforma agrária permanecem presentes em Eldorado do Carajás. Sobreviventes e ativistas denunciam a impunidade dos responsáveis pelo ato violento, reafirmando a importância da memória coletiva e da mobilização popular para transformar a realidade no campo. O tema da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária deste ano, “Ocupar para o Brasil Alimentar”, sintetiza a determinação dos movimentos sociais em construir um país mais justo e sustentável através da distribuição equitativa de terras e recursos.