O alerta do cientista da computação Ian Goodfellow soa como um prenúncio de uma era onde a desconfiança em vídeos e imagens na internet se tornará a norma. Já vivemos em um momento onde a manipulação digital avançada, conhecida como “deepfake”, se apresenta não apenas como uma realidade, mas como um desafio iminente à integridade das eleições e, consequentemente, à própria essência da democracia.
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Deepfakes: Um Passo Além das Fake News
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As deepfakes, em destaque na edição atual de O TEMPO, representam um avanço significativo em relação às fake news. Através de programas de computador cada vez mais acessíveis, é possível simular a voz e a imagem de figuras públicas, como candidatos políticos, com uma precisão assustadora. As eleições municipais deste ano se apresentam como um campo de teste tanto para o potencial destrutivo dessa tecnologia quanto para a resposta das nossas instituições.
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O Desafio Legal e Ético
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Diante desse cenário, emerge um dilema: como punir o uso ilícito da inteligência artificial sem comprometer a liberdade de expressão? A velocidade com que a tecnologia evolui supera, muitas vezes, a capacidade de atualização das nossas leis. Portanto, é crucial que as regras do jogo sejam estabelecidas o quanto antes.
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Ações do Tribunal Superior Eleitoral
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já iniciou movimentos nessa direção. Uma minuta sobre a regulamentação do uso da inteligência artificial nas eleições deste ano está em discussão. Entre as medidas propostas está a obrigatoriedade de informar explicitamente o uso de conteúdo fabricado ou manipulado em qualquer forma de propaganda eleitoral. A eficácia da Justiça Eleitoral em identificar e neutralizar conteúdos falsos será fundamental para prevenir sua disseminação.
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Educação Digital: Uma Frente Crucial
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Além da esfera legal, é imperativo aprimorar os mecanismos de monitoramento e investir na educação digital da população. O impacto de um conteúdo falso diminui à medida que os cidadãos se tornam mais informados e críticos em relação ao que consomem online. A conscientização sobre as deepfakes e suas consequências deve ser uma prioridade em um mundo cada vez mais digital e interconectado.
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Conclusão
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Estamos à beira de uma nova era na disseminação de informações. As deepfakes representam um desafio sem precedentes para a nossa sociedade. É imperativo que as instituições, leis e a população estejam preparadas para enfrentar essa ameaça invisível, mas extremamente real. A democracia, em sua essência, depende disso.
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– Brasil em Folhas S/A
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